Domingo de manha, após o café minha família se reunia em frente a TV. Como aconteceu em milhões de lares do país, a manhã de domingo era a hora de ver o Brasil, o SOM Brasil, o som do Brasil. Ao começar a música: “corre um buato aqui donde eu moro, que as mágoas que eu choro são mal ponteada”, percebesse o silêncio que aumentava a expectativa para o início do programa.
O apresentador era um show a parte. No lançamento do programa, não dava para entender bem o que aquele famoso ator de teatro, cinema e televisão estava fazendo ali. As pessoas estavam acostumadas com programas regionais, não com um espetáculo como aquele. Bastou abrir a boca para que o Brasil conhecesse a origem “caipira” e popular de Rolando Boldrin.
Conhecemos a história de boy e formiga, nome da duplinha “caipira” formada por ele e seu irmão ainda quando crianças e se apresentando na rádio de São Joaquim da barra sua cidade natal.
O espetacular não era o luxo, mas a simplicidade cativante de um ator que falava, cantava e contava causos sentado num banco num cenário simples representando uma venda do interior (Empório) e ali recebia seus convidados.
Dos mais famosos aos mais desconhecidos do grande público, porém sempre trazendo talentos maravilhosos. Foi a porta de entrada de muitos profissionais que hoje são reconhecidos nacional e internacionalmente.
Foi o resgate de grandes ídolos esquecidos pela mídia, quase abandonados pelo mundo e reconduzidos ao público pelo Boldrin. Falo não apenas do que presenciei como criança, falo do que ouvi meu pai e minha mãe contarem ainda do seu tempo de solteiros.
As lágrimas da face do meu pai ao ouvir ali “Flor de cafezal” na voz de Cascatinha cantando com Boldrin, me ajuda a compreender hoje um pouco do que fez ele pela cultura do Brasil. Quantos milhões de pessoas experimentam e continuam experimentando emoções parecidas. A música e a poesia tocam a alma desse povo.
Artistas, cantores e compositores de norte a sul do país se apresentaram em seus programas que continuaram com o sobrenome Brasil, hoje SR. BRASIL pela TV Cultura, independente da emissora que transmitia. Boldrin é paixão, é amor, é carisma e talento.
Sua coragem de continuar superando os altos e baixos da TV, perpetuaram sua imagem. Conviveram com os modismos que como o próprio nome diz já saíram de moda. Ele sobrevive. Mais que isso. Ele vive e continua a iluminar a vida do povo brasileira trazendo a nossa cultura como bandeira. Sua biografia de 50 anos de carreira tem por titulo: Historia de amar o Brasil.
Viajando pelos quatro cantos do país periodicamente, vejo as TVs ligadas aos domingos assistindo não um programa, mas assistindo a ele e seus convidados. O nome do programa já não importa mais, pois Rolando Boldrin é um ícone da cultura popular brasileira. Falo com meus pais todos os domingos pela manha, às vezes eles estão na cidade, outras na roça, mas estão com ele, a TV ligada e a paixão a solta.
Ouço meu pai falar do que viu naquele dia ou minha mãe cantarolar uma das músicas apresentadas. Meu pai fala dele como amigo de longa data, afinal o Boldrin é aquele cara, companheiro, “cumpadre”, que, canta, encanta e conta “causos” pros amigos, nos faz rir e chorar. De uma forma como muito pouco se vê na TV brasileira hoje em dia, Rolando Boldrin traz o melhor do Brasil para as casas desse povo forte e lutador.
Meu amigo, obrigado por continuar compartilhando com coragem e ousadia um pouco do povo maravilhoso desse país, que às vezes a gente esquece que tem. Ele realmente lembra aquela maravilhosa campanha institucional: o melhor do Brasil é o brasileiro.
Ele ajuda e contribui com seu talento para aumentar o bem-estar e a qualidade de vida de quem o assiste, todas as Terças Feiras as 22h00 e todos os domingos de manhã em reprise da Terça.
Ele não é mais o seu Rolando, ou seu Boldrin, ele hoje traduz a alma e a pureza da cultura brasileira. Por isso e muito mais hoje ele é simplesmente o Sr. Brasil.
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